Essa é a décima vez que eu começo esse texto. Em todas as outras nove enquanto o cursor piscava eu relia tudo várias vezes tentando não me sentir ridícula. Imaginava você lendo toda a baboseira, apagava tudo, fechava o bloco de notas do celular e te enviava uma mensagem te chamando pra ver o fim de tarde.
Pra que falar? Pra remoer assuntos que parecem passados mas ainda estão vivos em mim? Pra que tentar te explicar o que eu sinto se tá tudo tão tranquilo? De que vale dizer, escrever, cantar, postar, sorrir ou chorar se toda vez que eu te olho pensando em tudo o que eu guardo eu só sinto paz?
Eu já tive medo e por diversas vezes me reprimi. Das poucas que eu tive a coragem nos desgastamos pra chegarmos sempre na mesma conclusão.
Hoje eu não sinto mais medo, de nada mesmo. Já tentaram me reprimir, já pensei em me afastar e me limitar. Mas suas frases de efeito não foram em vão. A paz mundial só é paz se for paz interior também.
Hoje eu não temo. Se me reprimi até aqui foi pra deixar o que eu sinto amadurecer. Foi pra entender que o que eu guardei até hoje vai além de posse egoísta. É mais do que necessidade de ser recíproco. O meu sentimento é até hoje como ele sempre foi, desde o primeiro dia. Puro. E nessa caminhada eu já me perdi muito e já confundi muito o que eu sentia, mas hoje eu entendo que em todos os erros esse sentimento me despertava, e ainda me desperta, pro certo. É o que eu vejo em você, isso você já se cansou de ouvir.
O que eu sinto? Disritmia cardíaca com notificações do Hello. Excesso de endorfina no cérebro ao ver que a mensagem é um trecho da música daquela banda que entende a gente. Tremores dos membros inferiores com seus olhares por cima dos óculos. O que eu sinto é uma mistura de euforia e sossego. A cada risada, a cada piada, a cada vez que o sol vai embora no final do dia, a cada gordice ou episódio de Vai que cola, a cada chance que eu tenho de ocupar alguma posição na sua vida.
Faz muito tempo, muito mesmo, que eu deixei de sentir necessidade de algo além do que já temos. Eu já entendi todos os seus motivos, alguns deles são meus também. O que eu tenho de você tem me feito bem há tempos. E eu não quero matar o que eu sinto, prefiri aprender a lidar, tem funcionado melhor.
E o que eu tenho com você é só com você. Ninguém entende os trechos de música que eu mando por mensagem, eu já tentei. Ninguém continua a brincadeira de "reza a lenda" porque ninguém é tão legal.
E eu valorizo o que você me faz sentir, mesmo sem saber. A verdade mesmo é que você nem precisava saber. Te olhar e sorrir e te deixar sem entender já é suficiente. Ouvir você me chamar de louca já ta bom demais, deixa tudo do jeito que tá.
Cláudia
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014